Estudantes visitam assentamentos da reforma agrária em Lago do Junco/MA
Estudantes em visita técnica em assentamentos da reforma agraria em Lago do Junco-MA
De 06 a 08 de dezembro, estudantes do curso técnico em Agropecuária integrado ao Ensino Médio, do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) Campus Caxias, participaram de visita técnica às áreas de assentamento da reforma agrária do município de Lago do Junco/MA. O curso possui duas turmas e a oferta ocorre no âmbito do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), resultado de parceria entre Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), o IFMA e instituições de Caxias. O Pronera atende jovens e adultos de assentamentos criados ou reconhecidos pelo Incra, quilombolas e trabalhadores rurais acampados cadastrados no Instituto, além de beneficiários do Programa Nacional de Crédito Fundiário.
O roteiro da visita foi organizado de modo que os estudantes conhecessem as estruturas de produção da sociedade civil organizada. Para isso, eles visitaram a Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de Lago do Junco (COPPALJ), a Escola Família Agrícola (EFA), a Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Lago do Junco (AMTR), o Sítio de Produção Agroecológica 3 Irmãos e a Fábrica de Sabão e Sabonetes do Ludovico. “O objetivo principal foi proporcionar, aos nossos alunos, a vivência prática do cooperativismos/associativismo, a pedagogia da alternância na sua essência, bem como a agroecologia como um modo de vida”, destacou a professora Waldirene Pereira Araújo, coordenadora pedagógica.
Logo no primeiro dia, a turma aprendeu sobre o óleo de babaçu orgânico, produzido pela COPPALJ, criada em 1991. Fruto de palmeira nativa da região Norte e áreas do Cerrado, o babaçu está concentrado nos estados do Tocantins, Piauí e Maranhão. Mas é Lago do Junco que concentra dezenas de toneladas de amêndoas de babaçu todos os meses. Na cooperativa, os alunos acompanharam diversas etapas, como a extração, o envasamento e a rotulagem para exportação do produto.
Nas atividades da visita, os estudantes foram acompanhados por Ednaldo Bezerra dos Santos (professor orientador), Evandro Sousa (monitor), Gabriela Azevedo (zootecnista) e Renata dos Santos Ferreira (professora orientadora). De forma estratégica, eles, juntamente com os alunos, ficaram alojados na sede da EFA, nos dias 07 e 08 de dezembro. Por lá, equipe e estudantes compartilharam experiências do cotidiano das comunidades e o entendimento dos instrumentos pedagógicos da pedagogia da alternância.
A quarta-feira, 07, para a equipe do Campus Caxias foi bem intensa. Na visita ao Sítio 3 Irmãos, conta Ednaldo dos Santos, fomos recebidos pela proprietária Sebastiana Gomes Sirqueira, conhecida como dona Sibá. “Os alunos tiveram contato com os módulos de produção agroecológica e dona Sebastiana proporcionou um passeio dividido, simultaneamente, em dois momentos”, disse o professor Ednaldo. Segundo ele, ao tempo em que discorria sobre as práticas dos setores produtivos, dona Sibá emergia os estudantes na espiritualidade da agroecologia – que consiste em produzir em harmonia com os ecossistemas locais. “A agroecologia está para além de um modo de produção, agroecologia é um modo de vida”, afirma Sebastiana Sirqueira.
Na Fábrica de Sabão e Sabonetes do Ludovico, chamou atenção dos estudantes os produtos derivados do coco babaçu. De acordo com Ednaldo dos Santos, os alunos se depararam com um sistema de produção auto sustentável gerido pelas mulheres sócias da AMTR. No encerramento da visita, na noite do dia 07, a última atividade promoveu discussão sobre o protagonismo das mulheres nos movimentos de libertação e modificação das condições adversas à vida, em uma roda de conversa promovida pelas mulheres da AMTR, equipe do IFMA e alunas da EFA.
Ao final da visita técnica, de acordo com Ednaldo dos Santos, os participantes destacaram o aprendizado de como uma comunidade unida pode modificar a sua realidade. “Muitos, saindo de um cenário inóspito para uma realidade de vida plena e com dignidade”, observa o professor. E acrescenta. “Tudo por intermédio da resiliência e coragem de mulheres quebradeiras de coco babaçu, que quebraram suas amarras e enfrentaram seus opressores”, concluiu.
Na avaliação da aluna Verônica Nunes da Silva, a visita técnica, no geral, permitiu conhecer novos horizontes, novas formas e maneiras de visualizar as perspectivas da realidade. “Em relação à visita técnica para Lago do Junco, foi importante, porque pude conhecer a realidade de pessoas e jovens estudantes que vivem uma mesma realidade parecida com a minha, em relação a morar em área rural, porém que conseguiram conquistas notáveis através da educação e da persistência na busca por melhores condições de vida”, pondera. “Também pude notar a importância da união para o desenvolvimento dentro de comunidades rurais e como a mesma pode contribuir para a obtenção de conhecimentos e valores”, destacou a aluna.
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