Eleições 2014 - erente do rádio e da TV, a internet é uma zona livre para políticos em busca de projeção entre milhões de brasileiros, de uma forma barata e rápida, e com a vantagem de receber retorno imediato das impressões do público. Em ano eleitoral, centenas de políticos se dedicam a marcar território e criar páginas em redes sociais, ávidos por fãs, seguidores, curtidas e compartilhamentos. “A lógica do político é servir o eleitorado dele e até então não existia um canal direto, com a possibilidade de escala tão grande de diálogo com esse eleitor, a não ser um comício”, explica Pedro Waengertner, coordenador do núcleo de estudos e negócios em marketing digital da ESPM.
A empolgação do momento, entretanto, pode reservar armadilhas para os desavisados e iniciantes no mundo virtual e transformar o que serviria em um trampolim para a popularidade de um candidato em motivo de piada e de antipatia. Erros comuns como posts longos demais, fotos inconvenientes, assuntos inapropriados, excesso de formalidade ou o oposto, conhecido como “oversharing” na rede (superexposição da vida íntima) podem destruir trabalhos de equipes inteiras de consultoria de imagem.
A presidente Dilma voltou às redes sociais em 2013. Dilma Bolada (@diImabr) conversa com a presidente Dilma (@dilmabr).
Apesar de não existir certo ou errado, é sempre bom quem está do outro lado da tela ter cuidado antes de publicar qualquer coisa. “Além de saber quais são as exigências da lei, importa o bom senso. Nas redes, o objetivo do político é estabelecer uma relação próxima, quase pessoal com seus eleitores, de duas mãos. A maioria dos políticos tem a mentalidade de falar para os eleitores e não com os leitores”, diz Waengertner.
“Existem boas e más práticas em redes sociais, independentemente de se tratar de contas de candidatos a cargos políticos ou de marcas comerciais. É um conjunto longo de convenções que foram se estabelecendo ao longo dos últimos anos e que englobam desde aspectos de presença humanizada até o respeito ao DNA de cada rede”, afirma Ana Bambrilla, jornalista e doutoranda em redes sociais.
Uma unanimidade nas dicas de especialistas é usar o tom pessoal na administração das contas, usando como medida a personalidade do político e o perfil do seu eleitorado, se ele aceita ou não a troca de intimidades. “Muito antes de ser um espaço de mídia, as redes são um desdobramento dos sites de relacionamento, feito para e por indivíduos. Num segundo momento é que as marcas foram se apoderar desses ambientes”, diz Ana, ao explicar que é importante o político manter a autenticidade. Para evitar gafes, ela orienta manter um gerenciamento misto das redes sociais, identificando sempre quando a postagem foi feita por um assessor, evitando a rejeição de um tom artificial. “O teatro não se sustenta porque é impossível recriar uma personalidade o tempo todo; vai chegar a hora em que os eleitores irão notar que não é o próprio candidato que está postando.”
Mesmo usando pessoalmente, o dono da rede social deve evitar apenas reproduzir conteúdos do seu órgão oficial, ainda mais considerando que tal órgão também deve ter suas páginas oficiais.”Postar apenas matérias oficiais fica fake numa rede que clama pela personificação do discurso. Releases já são veiculados pelos sites dos partidos. Usar as redes apenas para repostá-los é um sub-uso extremo e dispensável”, diz Ana.
“O político que não tem conhecimento do assunto, vê pela ótica da audiência, quantas curtidas ele tem, quantos seguidores. Com a experiência, ele começa a se importar mais com o engajamento. O resultado não se mede pelo número de pessoas que seguem, mas com o interesse que ele gera”, ensina Waengertner. No mundo das redes, o envolvimento dos seguidores é medido pela importância da interação. No Twitter, não basta ter seguidores, é preciso ter menções e retwittes – que é quando outro usuário republica o twitte do candidato. No Facebook, o número de amigos ou curtidas na página é importante, mas não tão quanto uma curtida no post que, apesar de também ser importante, também mostra um envolvimento menor do que um comentário, que, por sua vez, tem menor impacto do que o compartilhamento do post.
Para manter um público fiel, é preciso dedicação e não abandonar perfis. Para isso, é bom escolher entre a infinidade de redes as que mais agradam e se encaixam no perfil do político e seguir as suas convenções. Twitter, Facebook, Google Plus e Youtube são as mais populares. Ações como chat coletivo e hang outs também são estratégias válidas, se enquadrarem com o perfil do candidato. E importante: é preciso ficar online também depois da vitória ou derrota.
Autenticidade também é a dica oficial do Facebook aos políticos que compartilham o dia-a-dia em suas páginas. A rede, que se orgulha de ter uma penetração de 80% dos usuários da internet no Brasil, sugere que os perfis públicos usem suas iniciais, por exemplo, para identificar quando o post foi feito pela própria personalidade, e não por assessoria. Entre as dicas da rede social de Mark Zuckerberg também está a busca por engajamento dos fãs, por meio da promoção de chats, encontros virtuais e interação com fotos, vídeos e momentos dos bastidores. No Facebook, há a possibilidade de comprar a divulgação de sua conta, com anúncios segmentados para conquistar novas curtidas, ou até mesmo comprar fãs. O que é oficial no Face, é feito por baixo dos panos no Twitter, onde pode-se inflar o número de seguidores artificialmente. “Patrocinar (um perfil) não tem problema, é só saber como usar. Mas usar má fé, comprar seguidores, isso sim denigre a imagem, queima o político, precisa tomar cuidado e ser coerente”, afirma Waengertner.

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