UM ALMOÇO PARA AS AUTORIDADES. Foi com carne de boi, onça pintada ou de jumento?
Um almoço com direito a picanha na brasa e filé ao molho madeira foi servido a autoridades de Apodi (341 km de Natal) e região, (13.03). A diferença do cardápio foi que não houve carne de boi, mas de jumento.
A ideia de oferecer o almoço foi do promotor Silvio Brito. Desde novembro, o representante do Ministério Público iniciou um trabalho com as polícias rodoviárias federal e estadual para recolher os jumentos que circulavam soltos pelas rodovias do Estado.
Abandonados por se tornarem obsoletos no sertão – normalmente substituídos por motos, os jumentos se tornaram um problema de trânsito no sertão nordestino, causando acidentes e mortes.
Com mais de 200 convidados, a degustação de carne de jumento promovida em almoço nesta quinta-feira, 13, pelo titular da 2ª Promotoria de Apodi, promotor Sílvio Brito, foi considerada um sucesso pelo anfitrião. O encontro reuniu autoridades, policiais, agentes penitenciários, imprensa e populares que estavam curiosos com a novidade.
Entre os presentes, a opinião de que a carne de jumento é semelhante à de gado foi quase unânime, principalmente a que foi servida como churrasco. Além da carne assada na brasa, várias outras receitas foram oferecidas aos convidados. Escondidinho, bife ao molho madeira e outro ao molho branco também fizeram parte do menu.
O objetivo do promotor Silvio Brito é provar que a carne do jumento pode ser uma opção na alimentação dos presos do Rio Grande do Norte e posteriormente ser item da merenda escolar nos colégios.
“Fiz questão de organizar esse almoço para mostrar à sociedade que é possível sim o consumo da carne do jumento quando observadas e respeitadas todas as normas de saúde e segurança para o abate desses animais. Não seríamos irresponsáveis ao ponto de servir uma carne que oferecesse riscos à população’’, comentou o promotor.
Segundo Silvio Brito, o animal abatido para o almoço desta quinta-feira, passou por avaliações e exames, recebeu vacinas e foi acompanhado durante quatro meses para comprovar a qualidade e garantir o consumo.
Segundo veterinária e o professor de inspeção Jean Berg da Universidade Federal Rural do Semiárido, a carne do jumento é saudável e segura como qualquer carne para consumo humano.
“A carne do jumento e dos de equídeos já é consumida em vários países do mundo. O Brasil exporta carne desses animais, com matadouros no Paraná e Minas. Do ponto de vista de sanidade, são os mesmos riscos de comer qualquer outra carne: o animal tem que ser saudável, passar por avaliação veterinária antes e durante o abate”, afirmou.
A degustação, porém, teve reações negativas de ambientalistas. A ONG DNA (Defesa da Natureza e dos Animais) divulgou manifesto, esta semana, contestando a ideia de transformar o jumento em alimento.
A entidade questiona se a legislação sanitária e para abate dos animais está sendo atendida e afirma que os jumentos precisam de dois anos para procriar, sendo uma cria a cada 12 meses. “Se só existir abate, em poucos anos eles estarão extintos”, afirmou.
Fonte: Gazeta do Oeste e uol.com.br
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