Oposição se une para derrotar Roseana Sarney no Senado.

Sem o apoio oficial do PT, o pré-candidato ao governo do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) é lider nas pesquisas de intenção de votos e seu capital político ajudaria a eleger Roberto Rocha (PSB) para a vaga única no Congresso.

Por Eduardo Miranda/eduardo.miranda@brasileconomico.com.br

Roberto Rocha tem todas as condições de ganhar de Roseana Sarney a vaga do senado.

A máxima de que quem está no poder leva vantagem sobre a oposição pode não valer para a governa -dora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), nas eleições de outubro. Depois das rebeliões nos presídios estaduais, a baixa popularidade da herdeira do clã Sarney coloca em risco sua candidatura à vaga única do Senado. Em pesquisa do Instituto Data M, realizada em fevereiro, Roseana aparecia com 20% das intenções de voto, perdendo para o vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha (PSB), com 25%. 

Além de contar com o apoio de praticamente todos os partidos da oposição - numa aliança que engloba, além de PSB, PCdoB, PDT, PTC, PP e SDD -, Roberto Rocha estará no palanque de Flávio Dino (PCdoB), candidato que desponta nas pesquisas para o governo do estado. Mesmo sem o apoio do PT, que já teve a vice-governador ia na gestão de Roseana, Dino apare -ce com 55,3% das intenções de voto. Em segundo lugar, com 13,7%, vem Luís Fernando Silva (PMDB), o candidato da governadora. 

Mas a oposição ainda não se decidiu sobre o nome do socialista para o Senado. Isso porque o deputado federal Domingos Dutra (SDD), que saiu do PT no ano passado para se lançar candidato pela Rede Sustentabilidade na esperança de que o grupo de Marina Silva conseguisse o registro, colocou-se à disposição na aliança oposicionista para disputar com Rocha a pré-candidatura ao Congresso. Apesar da indecisão sobre quem subirá no palanque com Flávio Dino, Dutra garante que não haverá racha entre as legendas que compõem a chapa. 

"Só haverá um candidato ao Senado na chapa do Flávio Dino e o nome sai agora, em março. Em 2010, o grupo do Sarney tinha duas candidaturas, enquanto a oposição rachou e lançou seis can -didaturas. O resultado foi que, divididos, ficamos sem força e o PMDB levou as duas vagas. Agora, o objetivo é ter apenas um candidato" , assegurou o deputado fede -ral, admitindo que Rocha teria mais chances na disputa com Roseana. "Ele tem chances de vencer, já eu tenho um discurso histórico contra a família Sarney. O Roberto tem dinheiro, eu não tenho um tostão para a campanha". 

Professora de Ciência Política da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Joana Coutinho não tem tanta certeza da derrota de Roseana nas urnas, depois que a filha do senador José Sarney (PMDB-AP) deixar o governo. "Não há dúvidas de que a imagem dela está muito desgastada em todo o Brasil e o Maranhão é colocado de forma extremamente negativa no noticiário nacional, pelos últimos acontecimentos e pelo fato de termos uma das últimas oligarquias do país. Agora, existe um poder de marketing muito grande da família e do partido que torna arriscado afirmar que ela não conquistaria a vaga do Senado", analisa a cientista política.

A impopularidade de Roseana a faz temer por uma sabotagem do PT, aliado histórico dos Sarney no Maranhão. No final do ano passado, a governadora nomeou seu então vice, o petista Washington Oliveira, membro do Tribunal de Contas do Estado, afastando-o da linha sucessória. Além de evitar que um candidato do PT se crie no poder, nos meses em que ela estiver em campanha, o outro objetivo é que o pré-candidato peeme-debista, o secretário de Infraestru-tura Luís Fernando Silva, assuma o governo e ganhe capital político nos próximos meses para compor uma chapa puro-sangue com Roseana e enfrentar Flávio Dino.

Apesar de as candidaturas no Maranhão já estarem mais ou menos delineadas para além das decisões do PT, Joana Coutinho analisou a relevância do partido no estado. "O PT tem uma história no Maranhão, mas ele ficou dividido nos últimos tempos. Ele tinha o vice-governo, mas pagou um preço muito caro por isso. Os problemas que o PMDB enfrenta no governo do estado acabaram contaminando os petistas, por fazerem parte da aliança, e essa mancha se refletiu nacionalmente".

A cientista política reafirma, contudo, a força do PT e do PMDB maranhenses, que, segundo ela, deixa na sombra partidos relevantes no cenário nacional, como o PSDB e o DEM.

No caso dos tucanos, uma luz no fim do túnel acendeu depois que Flávio Dino (PCdoB) sinalizou para um espaço reservado ao presidenciável Aécio Neves em seu palanque, caso o PT continue com os Sarney.

Roseana Sarney aparece com 20% das intenções de voto para o Senado, perdendo para o vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha (PSB), que tem 25%, segundo pesquisa do Instituto Data M