Vestindo uma camiseta escrito "Lute como uma garota", a candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela D'Ávila afirmou nesta quarta-feira (1º) que é a "única candidatura feminista da esquerda", após o partido formalizar seu nome na corrida eleitoral. Em um discurso de mais de 20 minutos, ela também criticou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e afirmou que "a democracia brasileira está presa na cela em Curitiba".
Em entrevista a jornalistas, ela deixou em aberto a possibilidade de trabalhar pela união das esquerdas. "Ainda temos algum tempo. Se surgir alguma novidade nesse sentido seguimos entusiastas", disse. "Continuo esperançosa de que nossa unidade possa ser viabilizada", emendou.
Na convenção, Manuela afirmou que a democracia brasileira sofreu um golpe com ascensão do governo de Michel Temer (MDB), após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), agravado pela atuação da Justiça. "Foi fundamental para que isso se materialize que setores predominantes do judiciário do País cumprissem a tarefa de amaldiçoar a política, perseguir a esquerda e transformar tribunais em tribunas", afirmou.
De acordo com a presidenciável, o Brasil vive um estado de exceção e "de toda essa perseguição [da esquerda], o ponto mais alto é a prisão do ex-presidente Lula". O pré-candidato ao Palácio do Planalto pelo PT está preso em Curitiba desde 7 de abril, condenado em 2ª instância por corrupção e lavagem de dinheiro.
O maior líder popular da história do nosso País está encarcerado de forma injusta, sendo inocente. Lula livre! Lula está preso porque lidera as pesquisas, porque solto venceria as eleições. A democracia brasileira está presa na cela em Curitiba.Manuela D'Ávila
Manuela criticou a redução de direitos sociais e disse que medidas como o teto de gastos e a reforma trabalhista afetam primeiro mulheres e jovens. Ela perguntou quem conhecia um homem que foi prejudicado no mundo do trabalho porque precisou lugar por uma vaga na creche, por exemplo.
A candidata destacou o papel das mulheres no PCdoB, como Luciana Santos na presidência do partido e Nadia Campeão na coordenação da campanha presidencial. "Estamos vivendo um processo social profundo, muitos chamam de primavera das mulheres. Há um levante feminista e é mto importa que nosso partido seja capaz de ter uma uma candidatura das mulheres", afirmou.
O PCdoB confirmou na convenção partidária nesta quarta-feira o nome de Manuela como candidata à Presidência da República, mas não anunciou quem será vice na chapa. Nas próximas semanas, a presidente da sigla, deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), segue com conversas com outros partidos de esquerda. Nos últimos meses, o PCdoB admitiu abrir mão da candidatura própria em busca de uma unificação do campo progressista, mas não houve avanço.
O PT irá registrar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que corre o risco de ser barrada pela Lei da Ficha Limpa. O PDT confirmou o nome de Ciro Gomes e o PSol mantém a campanha de Guilherme Boulos. O PSB, por sua vez, decide até domingo (5) se apóia Ciro ou adota a neutralidade.
Apesar da candidatura presidencial, a prioridade do PCdoB não é chegar ao Palácio do Planalto. Na última pesquisa Datafolha, Manuela tinha 1% das intenções de voto. Na convenção desta quarta, foram apontados como objetivos principais a reeleição de Flávio Dino ao governo do Maranhão e a ampliação da bancada na Câmara dos Deputados. Hoje, a bancada tem 10 integrantes.