As eleições se aproximam. Faz-se mister, pelo meu entendimento, analisar os dois maiores quadros políticos de nossa região atualmente: o Deputado Estadual Raimundo Louro e o Deputado Federal Simplício Araújo. Nessa semana falarei do “papagaio”. Na semana que vem falarei do “boca de bolacha”.


Raimundo nasceu com o estigma do vitorioso, do vencedor. Tem luz própria, é arrojado ao extremo, trabalhador demais, incansável, persistente, corajoso e empreendedor. O homem é um trator! Na labuta da política, tem outra grande vantagem: sabe deixar o conflito no terreno das idéias e não parte para o ataque pessoal, não guarda mágoa e é de fácil conciliação. É pragmático e com ele dá para se trabalhar errado, se quiser, e certo também, conforme o perfil do aliado ou eleitor.

Louro estreou  na política aos 32 anos, em 1992, como candidato a sucessão de Graça Melo quando esta era prefeita de Pedreiras, apoiado por ela, mas como step, opção última, pois ela queria mesmo como seu sucessor era Hélio Maciel, à época  o mais próspero médico da cidade. Na desistência de Maciel, ainda tentaram Chico Leite e outros quadros políticos do grupo dos Melo naqueles idos, que não emplacaram; daí ter sobrado a batata quente para o papagaio que aceitou o desafio e saiu da campanha derrotado, perdendo para Pedro Barroso, mas viabilizando-se dali por diante para o futuro. À época chucro, rústico e  neófito, saiu dali para hoje ser um dos mais polidos, elegantes e bem preparados políticos do Maranhão. E olha que o rótulo dele não era nada bom -- de grileiro a pistoleiro, truculento, violento e piromaníaco, tudo isso por fatos obscuros de seu passado como pecuarista; de tudo o rotularam para tentar matar no nascedouro a sua carreira política. Naquele momento foi apelido de “Saddan Hussein” pelas histórias de crueldade que lhe davam autoria e a semelhança do indefectível bigode com o ditador iraquiano sanguinário.

Não deixou a partir daí de fazer política nem um só dia. E gostou. E parece que não, mas quem o conhece de perto sabe que o papagaio é humilde. Sabe quando não sabe e quando tem que se assessorar e se preparar melhor. Foi o que fez. Simples, carismático, foi para sua segunda eleição a prefeito em 1996 e saiu derrotado novamente, perdendo para Edmilsosn Filho numa eleição milionária, inflacionada, que marcou e inaugurou o abuso do poder econômico eleitoralmente em Pedreiras,  ficando em segundo lugar no pleito. Terminada a eleição, iniciou uma briga judicial ferrenha com o prefeito eleito e por isso ficou rotulado de “perseguidor”.

Continuou na labuta. Dessa campanha o papagaio saiu depenado. Mas recuperou-se, ampliou seu grupo político, poliu-se mais, politizou-se mais ainda, aproximou-se dos movimentos sociais e até conselheiro municipal de saúde se tornou naquela época. E com o desastre político e administrativo do governo Edmilson Filho, Raimundo se torna bem antes da eleição o virtual prefeito. No ano 2000 ganhou a eleição  facilmente, nos braços do povo, com uma votação historicamente imbatível até aquela época. Fui naquele pleito o vereador mais votado e no palanque de Louro. Nos 03 anos anteriores a essa eleição eu o assessorei politicamente muito de perto.

Era muita expectativa popular sobre seu governo. Não foi ajudado politicamente por seus correligionários políticos, nem por sua equipe de governo; seus aliados o atrapalhavam mais que ajudavam com atos truculentos e impensados que repercutiam com prejuízos políticos devastadores sobre seu governo; fez uma gestão por demais centralizadora e teve o azar de me ter duas vezes como adversário político na Presidência da Câmara. E como eu disse a ele um dia num discurso, “passaria o governo dele todo montado em seu lombo, com o cabresto puxado e com um par de espora cravado em seu vazio”. E assim foi. Enfrentou tempestades e vendavais políticos e administrativos, CPI, Polícia Federal, reportagem especial do Fantástico sobre escândalos em seu governo e mesmo assim, ao meu ver hoje, fez o melhor governo a frente da Prefeitura de Pedreiras desde o primeiro governo de Pedro Barroso em 1983 até hoje; 08 mandatos ao todo de lá até aqui, 06 gestores diferentes, 32 anos . 

Tentou a reeleição, mas perdeu  para Lenoílson Passos. Em 2005, no final do governo Zé Reinaldo, foi Gerente de Desenvolvimento Regional de Pedreiras e no governo Jackson Lago foi Sub-Chefe da Casa Civil. Em 2008 perde novamente a eleição para Lenoílson, que se reelege. Enfrenta a partir daí um drama familiar que o marcou muito, pessoal e politicamente, com o final de sua união conjugal com a valente e virtuosa Adelaide Oliveira, a grande Phênix por trás das cinzas de Louro em toda  a sua sua vida, e engata um casamento com a na época deputada estadual Fátima Vieira, que chocou a cidade pelo inusitado e pelas pitadas de tragédias humanas do caso.

Saiu dessa luta familiar combalido intimamente, mas fortalecido pessoalmente.  A grande e carismática Fátima Vieira deu um up grade em Raimundo e foi fundamental e imprescindível em sua vida política e pessoal para o destaque que Louro tem hoje. Primeiro porque ela foi quem praticamente o elegeu a deputado em 2010, pois ele disputou a eleição sozinho politicamente, praticamente sem grupo e financeiramente falido. Fátima teve a grandeza e humildade, e lhe deu uma grande prova de amor, quando renunciou à sua reeleição garantida para apoiá-lo, bancou sua campanha e Louro saiu eleito como o tão esperado deputado autóctone que Pedreiras tanto aspirava desde a última eleição de Kléber Branco e Carlos Melo para o legislativo estadual 20 anos antes.

De lá para cá vem fazendo um mandato parlamentar brilhante. Esperto, não investe só nessa região e tem trabalhado em várias cidades e regiões do estado e com isso coleciona redutos eleitorais, tendo sua reeleição praticamente garantida, a ponto de fazer medo aos demais deputados de mandato que temem concorrer numa chapa com ele por não quererem ser degrau seu, e interncionam colocá-lo num “chapão da morte’, em que ele terá que provar seu potencia eleitoral, elegendo-se praticamente sozinho. O papagaio tem assessoria parlamentar, jurídica, de comunicação e marketing eficientíssimas, que o colocam em destaque perante os demais deputados. Teve excelente atuação quando Presidente da Comissão de Obras Públicas da Assembléia, tem conseguido grandes conquistas desenvolvimentistas para seus redutos e apresentado proposições legislativas interessantes, necessárias, avançadas, modernas e pertinentes.

Nas eleições municipais de 2012, consolidou de fato sua primazia na liderança política regional quando fez barba, cabelo, bigode e algo mais naquelas eleições. Elegeu a esposa Fátima Vieira vice-prefeita  e dois de seus filhos vereadores na Princesa do Mearim e outro filho vice-prefeito em Trizidela do Vale. Sem falar que sua adesão à chapa de Totonho Chicote foi o que garantiu a vitória de Totonho, pois mesmo o caos administrativo e político do governo Lenoílson, sua mazela sucessória e todo o dinheiro e preferência eleitoral de Totonho, não garantiriam o resultado da eleição tal qual se desenrolou. Papagaio decidiu o resultado  da eleição em Pedreiras e Trizidela do Vale.
Dessa forma,  temos que admitir, que do embuste eleitoral  tosco, rude e improvável da sucessão de Graça Melo, Raimundo Louro transformou-se num dos nossos maiores e melhores patrimônios políticos locais. Avante, papagaio!!!

Allan Roberto Costa Silva, médico, ex-Vereador-Presidente da Câmara Municipal de Pedreiras, membro da Academia Pedreirense de Letras-APL e da Associação de Poetas e Escritores de Pedreiras-APOESP. E-mails: arcs.rob@hotmail.com e allanrcs@bol.com.br.



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