Legislativo de Pedreiras-MA em transe
O meio
político pedreirense se agitou nos últimos dias com a revelação da intenção do
Presidente da Câmara de Vereadores, Robson Rios, de antecipar sua sucessão,
trazendo para o início de março a eleição da Mesa Diretora do legislativo local
para o segundo biênio da legislatura.
Vários municípios já usaram desse
artifício – a capital maranhense, por exemplo. E quando isso ocorre é sempre
por um motivo ou outro: ou para servir a alguma conveniência do governo ou a do
próprio Chefe do Legislativo que quer se reeleger. Em quaisquer das situações,
por casuísmo, a coletividade sai perdendo.
Para que se
concretize a intenção do presidente, emendas modificativas terão que alterar o
Regimento Interno da Câmara e a Lei Orgânica do Município, respectivamente, em
seu artigo 22, parágrafo 5º e artigo 8, que prevêem a eleição somente para 15
de dezembro. E para tanto Robson Rios
terá que demonstrar grande habilidade política para articular duas situações:
primeiro, a antecipação com a aprovação das emendas em dois turnos de votação;
segundo, ser escolhido sucessor de si próprio na primeira cadeira do Palácio
Municipal Vicente Benigno.
E pelo que
tenho observado, não está sendo e não será fácil para o Presidente em seu
intento. Há muitos interesses em jogo e outros pretensos candidatos a sua
cadeira. E a situação da forma que está, pelo que já vi e vivi em minha experiência
política, a pretensão atual de Robson pode comprometer seu interesse de
reeleição, em se considerando a forma aparentemente autoritária e excludente de
alguns de seus pares, pela forma e dinâmica de condução do processo que ele vem
dando, inclusive à revelia da opinião e participação do Chefe do Executivo e dos
principais expoentes do governo.
Fui vereador
e presidente da Câmara duas vezes. Já vivi esse processo por dentro e
intensamente na própria pele. É um torvelinho de instabilidade de conjuntura,
conflitos, fortes emoções e jogos de interesses assustadores. Tem que ter muita
fibra, determinação, estômago, paciência e habilidade política para sobreviver
a esse processo todo.
E em época
de crise de credibilidade nas instituições como estamos vivendo atualmente, seria
salutar evitar essa polêmica agora. É tão crítica a situação, que estamos em
tempos de população querer fazer justiça com as próprias mãos por falta de fé
nos poderes constituídos. A Câmara Municipal de Zé Doca, por exemplo, foi
invadida nessa semana por revolta de populares com a atuação dos vereadores.
Dos poderes constituídos, o legislativo é o mais decadente na credibilidade
popular. E apesar da imensa importância do vereador, este pára-choque da classe
política é o mais desacreditado e desvalorizado dentre todos os agentes políticos.
Uma pesquisa da União de Vereadores do Brasil-UVB realizada em várias cidades
brasileiras de pequeno e médio porte, perguntou à população que repartição que
gostaria que fosse fechada, se a Câmara Municipal ou a quitanda da esquina. E
mais de 70% dos pesquisados responderam que preferiam que fosse fechada a
Câmara.
Essa composição
atual do legislativo municipal tem um aspecto muito positivo, pois é a Câmara
de mais elementos jovens que já tivemos. E juventude é sempre sinal de garra,
mudança e esperança. Mas essa Câmara também tem um aspecto extremamente
negativo. É a Câmara de “vereadores de donos”. Há dois irmãos de vereadores, um
empresário e um político, que têm posse sobre esses mandatos; um deputado
também tem dois; uma sogra tem um; um cunhado tem outro; outros dois
empresários têm mais dois; e um suplente em exercício tem na mãe a dona de seu
mandato... E assim vai... Ninguém mais nem questiona a independência do
Legislativo frente ao Executivo, mas a independência do vereador em relação ao
seu “dono”.
Sendo assim,
para saber se vai mesmo haver ou não antecipação da eleição e quem deverá ser o
próximo presidente, Robson Rios não deve conversar obrigatoriamente com seus
pares ou com o prefeito, mas é com Raimundo Louro, Dona Aldenora Veloso, Neto
da SP, Rogério Medeiros, Edmilson Filho, Paul Getty, Werneck Leite, Fátima
Lemos, que “têm mandato e voto na Câmara” e não compõem nem o cenário de
maioria simples dos votos, mas de maioria absoluta, superior a dois terços,
quantidade suficiente para quaisquer atos dentro dos amplos poderes do
legislativo.
E tenho
dito!
Allan Roberto Costa Silva, médico, ex-Presidente da Câmara Municipal de Pedreiras, membro da Academia Pedreirense de Letras e da Associação de Poetas e Escritores de Pedreiras-APOESP. E-mail: arcs.rob@hotmail.com e allanrcs@bol.com.br
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