Por Fantástico

Um crime de vingança planejado nos mínimos detalhes. É assim que a polícia se refere ao que fez a esteticista Jordélia Pereira Barbosa. De acordo com as investigações, ela envenenou um ovo de Páscoa e enviou de forma anônima para a casa de Mirian Lira Rocha, em Imperatriz, no Maranhão.

Mirian e os filhos Evely, de 13 anos, e Luís Fernando, de 7, comeram o chocolate envenenado. As duas crianças morreram.

O plano de Jordélia era se vingar de Mirian, atual namorada do seu ex-marido, Antônio Alves Barbosa Filho. O Fantástico mostrou o passo a passo dessa vingança. Veja no vídeo acima.

Disfarce, entrega anônima: como foi a execução do crime

Para pôr o plano em prática, Jordélia viajou quase 400 quilômetros do município maranhense de Santa Inês, onde mora, até Imperatriz. De acordo com a polícia, a escolha do período de Páscoa facilitaria o alcance do objetivo, pois a maioria das pessoas deseja receber um ovo de chocolate.

Outro detalhe é que, como era um feriado prolongado de seis dias, ela acreditou que a polícia demoraria a agir, dando a ela a chance de fugir da cena do crime.


Imagens de câmeras de segurança mostram Jordélia chegando para se hospedar num hotel em Imperatriz. Como disfarce, ela usava uma peruca preta.

Em seguida, a esteticista vai até um supermercado, onde Mirian trabalha como operadora de caixa, e conversa com o gerente. Ela se apresenta como uma representante comercial e pede para oferecer uma degustação de chocolates, mas o gerente não autoriza.

Jordélia decide, então, fazer a ação no pátio. A degustação seria apenas para os operadores de caixa. Segundo a polícia, era a primeira tentativa de envenenar Mirian, mas ela não participou da degustação.

Sem sucesso, Jordélia colocou em ação o segundo plano. Imagens mostram ela comprando um ovo de Páscoa em uma loja de um shopping. De lá, ela voltou para o hotel e contratou um serviço de entrega para levar o chocolate até a casa de Mirian.

O Fantástico localizou o mototaxista que fez a entrega. "Ela deu o endereço certinho, o número da casa, a referência, o nome da rua, tudo certinho. O nome da pessoa. E ela ainda falou assim: 'Quando você chegar lá, pode perguntar pela Mirian'", disse o mototaxista, que preferiu não se identificar.

Jordélia ainda ligou para Mirian para confirmar a entrega. "Ela perguntou se eu tinha recebido a encomenda. Eu falei que tinha recebido e eu perguntei de quem era? Ela só falou que eu saberia quem tinha mandado. Eu pensei que tinha sido o Antônio Filho que tinha mandado pra mim", conta Mirian.

O mototaxista soube do caso de envenenamento na casa onde ele tinha feito a entrega e procurou a polícia para contar o aconteceu. Os investigadores foram ao hotel, mas Jordélia já havia fugido. A polícia passou a monitorar o percurso do ônibus. Ela foi presa na quinta-feira, 17 de abril, perto de Santa Inês.

Indiciamento

Jordélia foi indiciada por duplo homicídio qualificado e por tentativa de homicídio. Com ela, foram encontradas perucas, além de chocolate granulado, que, segundo a polícia, foi usado para disfarçar o sabor do veneno.

As investigações apontam que, no caso da tentativa de homicídio, ela agiu com dolo direto. Isso porque o envenenamento foi direcionado a uma pessoa específica, a Mirian.

Para o Ministério Público, ela agiu por vingança, o que caracteriza crime por motivo torpe. Se condenada, a mulher pode pegar penas que variam de 12 a 30 anos de prisão por cada um dos crimes cometidos.

A defesa de Jordélia disse que os fatos alegados serão devidamente esclarecidos em tempo oportuno, no processo judicial, e que ela nega ter praticado o suposto crime de envenenamento que lhe é imputado.

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