Torcendo pelo Brasil

Por Josenilde Brasil 

(professora e escritora) 

Estamos finalizando o ano com um dos eventos mais esperados para o qual o Brasil inteiro se organiza, enfeita praças e ruas, veste o verde-amarelo da cabeça aos pés e torce com o coração e a alma repletos de paixão e otimismo para que nosso país alcance mais um título de Copa do Mundo no futebol, o Hexa.

Também sou torcedora do nosso Brasil, mesmo desconhecendo a maioria das regras da modalidade esportiva, em todos os jogos da seleção, faço uma pipoquinha, deito-me no meu sofá e acompanho as partidas. E algumas importantíssimas lições aprendo com o evento mundial.

Primeiro, que para conquistar precisamos estar juntos e ter espírito de equipe, quando o jogador Casemiro fez o gol e nos tirou do aperto do zero a zero contra a Suíça, após o jogo declarou que fez pela equipe porque quando se ganha, todos triunfam juntos e o contrário também.

A segunda lição é que para vencer é necessário ter disciplina e obedecer à normas e regras. O maior problema de nossa juventude hoje é que no ambiente familiar não há regras pré-estabelecidas e conseqüentemente, na escola são insubordinados a elas, impossibilitando a qualidade e avanço nos projetos de vida e muitos evadem da escola por isso. Um exemplo da importância da observância das regras foi em relação ao jogador de Camarões que fez o gol contra o Brasil e logo tirou a camisa, infringindo uma das regras da FIFA e sofreu imediatamente cartão vermelho, mesmo tendo feito os torcedores vibrarem de felicidade, cometeu um erro e foi logo corrigido.

A terceira lição é que assim como se investe tanto em futebol, nosso país deveria investir em educação. Não só em discursos inflamados pelo desejo de ganharem as eleições, nossas autoridades deveriam falar sobre educação, mas depois observarem o triste cenário atual: somos uma das piores educação do mundo; nosso maranhão está entre os piores IDEBS do Brasil, inclusive a escola com o pior IDEB é do Maranhão. O governo cobra um bom IDEB, mas temos escolas de ensino médio alternando os dias de aulas por falta de carteiras, turmas sem aulas de algumas disciplinas por falta de professor, escolas que nunca tiveram um secretário, um zelador, vigias, coordenador pedagógico, educador físico... E não digam que não há recursos, porque durante o processe eleitoral não faltou investimento, nesse período parecíamos de primeiro mundo.

A quarta lição é que cada profissional precisa assumir de forma responsável o seu papel no desenvolvimento de suas funções, visto que o erro ou acerto respinga em todos. No futebol é assim: o técnico, os jogadores, os treinadores, a equipe medica, os fisioterapeutas, enfim, todos estão ali para cumprir com excelência suas atribuições; assim também deveríamos nos comportar em todos os campos de atividade, e na vida, especialmente, visto que, a nossa oportunidade nesse planeta é única e não importa se nunca chegaremos ao porte dos craques como Ronaldinho, Neymar, Dunga, Pelé que são reconhecidos e aplaudidos pelo mundo, nossa parte devemos fazer mesmo no anonimato.

E por ultimo, devemos continuar na torcida pelo hexa, mas conscientes de que mesmo o Brasil vencendo a Copa do Mundo pouco retorno isso trará ao Brasil no sentido de melhorar as mazelas existentes. Em uma aula de filosofia, indaguei meus alunos sobre qual seria o efeito da copa nas vidas deles e responderam que a alegria era o único fator. E logo me recordei da política do Pão e Circo que era o modo com o qual os líderes romanos lidavam com a população em geral a qual tinha como objetivo o apaziguamento da população, na sua maioria, da plebe, através da promoção de grandes banquetes, festas e eventos esportivos e artísticos, assim como subsídios de alimentos (distribuição de pães e trigo). Assim, as pessoas esqueciam-se de cobrar ou criticar as ações das autoridades.

Continuemos na torcida pelo Brasil, mas não esqueçamos que há 33 milhões de brasileiros na miséria total, mesmo sendo um dos países campeão em produção de grãos; vamos torcer para que haja investimento no agro-negócio e que o pequeno agricultor não emigre, porém, trabalhe e produza em suas terras com incentivos do governo estadual e federal.

Vamos torcer para que nossa educação evolua e que nossas escolas tenham um ensino e ambiente tão atraentes que nossos jovens queiram estudar; vamos torcer para que as filas nos hospitais para atendimentos e transplantes acabem e que nossa saúde, saneamento básico, infra-estrutura, segurança, sejam prioridades; vamos torcer e trabalhar para que a justiça, igualdade e fraternidade imperem em nossa nação!

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.” Mateus 5:6

Vamos continuar torcendo pelo Brasil!