Dr. Alan Roberto culpa prefeituras e governo por superlotação no Socorrão I, em São Luís
Por G1 Maranhão
Alan Roberto Silva disse que situação caótica chegou ao ponto de quatro pessoas morrerem esperando por cirurgia no corredor do hospital, nestas últimas horas.
O médico Alan Roberto Costa Silva, que trabalha na emergência do Hospital Djalma Marques, o “Socorrão I”, criticou prefeituras do interior e o governo do estado devido a situação crítica pela qual passa o hospital do Centro de São Luís.
Nesta quinta-feira (13), foram flagrados pacientes lotando os corredores em macas e um homem, com um curativo na cabeça, estava deitado no chão do hospital. A situação é tão grave que o médico informou que quarto pacientes morreram nos corredores esperando por cirurgia, sendo três nessa quarta e um nas primeiras horas de quinta.
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Para o médico Alan Silva, a superlotação no Socorrão se dá pelo fato de pacientes de vários municípios do interior do estado serem encaminhados ao hospital.
“O problema dos Socorrões I e II não é São Luís, mas é sim o interior do estado e mais recentemente um verdadeiro desmonte que o governo do estado está fazendo na saúde, e o município é que está sofrendo as consequências. Estamos à beira, realmente, de um colapso”, disse Alan Roberto Silva.
O médico reclamou da falta de investimento dos prefeitos nos hospitais dos municípios do interior e também de problemas recentes por falta de médicos na rede estadual de saúde também.
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Médico Alan Roberto Costa Silva falou sobre a situação crítica no Socorrão — Foto: Reproduação / TV Mirante |
“Estamos vivendo um drama muito maior, que é um verdadeiro desmonte que o governo do estado está fazendo na saúde do estado, com demissões em massa de médicos em hospitais de alta complexidade, como o Carlos Macieira (Hospital de Referência Estadual de Alta Complexidade Dr. Carlos Macieira) e em hospitais macrorregionais no interior do estado, por isso está vindo tudo pra cá. Até uma cirurgia de apendicite, que era algo simples que era feita no interior, não é mais, pois onde tinham dois cirurgiões, agora só tem um, e uma operação como esta não pode ser feita só por um, tem que ter um auxiliar, aí vem tudo pra cá”, declarou o médico.
As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) também diminuíram a capacidade de atendimento, de acordo com Alan Roberto Silva.
“As UPAs não tem mais resolutividade nenhuma e encaminham pra cá até cólica menstrual, pois não tem medicamentos, as alas vermelhas vão fechar. Onde tinham três médicos, agora têm dois, e onde eram dois agora só tem um. Então hoje, as UPAs são meros postos de saúde que não resolvem nada. Então tudo que chega lá um pouco mais complexo, eles mandam para o Socorrão I. Vivemos aqui uma situação dramática”, concluiu.
O secretário de saúde de São Luís, Lula Fylho, disse que precisa de mais detalhes para poder comentar as três mortes informadas pelo médico.
“Eu não posso falar desses casos isolados, pois não tive acesso ao prontuário. Eu não sei qual foi o caso específico, mas posso falar de uma maneira geral. Nós temos em média 4 mil atendimentos por mês. Se colocar em 30 dias, é possível entender o absurdo de pessoa que a gente atende por dia e, ainda assim pessoas que vem de outras cidades, praticamente todas as cidades do interior do estado. Algumas pessoas saem das suas cidades de noite, esperam o ferry-boat de madrugada para chegar aqui. Ou seja, muitos pacientes passam as vezes 10 a 12 horas de viagem até chegar aqui”, disse o secretário.
Sobre a superlotação, o secretário disse que é resultado de uma rede que não funciona como deveria. “Quando a gente vê um corredor de Socorrão, seja o Socorrão I ou o Socorrão , lotado a gente tem que entender que ali é consequência de algo que não está funcionando em uma rede. A saúde pública funciona como rede e se qualquer ponto desta rede der problema vai cair sobre os hospitais", concluiu.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) disse que o atendimento segue de modo regular aos pacientes tanto nas UPAs e hospitais de alta complexidade. Em relação aos médicos do Hospital Carlos Macieira, a secretaria informou que houve "apenas a substituição da empresa responsável pela Central de Regulação de Leitos e que em nada acometeu o atendimento aos usuários".
Greve dos vigilantes
Além da falta de infraestrutura, o Socorrão I também está sofrendo com a falta de segurança já que os vigilantes do hospital decidiram entrar em greve nessa quarta-feira (12). De acordo com a categoria, há seis meses a prefeitura não paga a empresa que terceiriza este serviço. A empresa, segundo o Sindicato dos Vigilantes, está há dois meses sem pagar os funcionários. Por conta da paralisação dos vigilantes, atualmente quem está fazendo o monitoramento dos acessos ao hospital são os maqueiros.
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