Os elementos nazistas no discurso político de Bolsonaro

Embora encontremos alguns pontos liberais genéricos, como a diminuição do tamanho do Estado e a proteção intransigente à democracia e à liberdade do cidadão, o programa político de Bolsonaro se destaca por não apresentar uma proposta prática para os problemas materiais do país, priorizando, tal como os neonazistas, os aspectos morais.
Por Raphael Silva Fagundes
Quando a direita vulgar diz que quer um Brasil mais unido, sem divisão de classe, de cor, de gênero etc., ela não quer dizer que irá pôr fim a essas distinções, no sentido de que todos terão as mesmas oportunidades. O que pretende é produzir um discurso capaz de encobrir as diferenças.
Trata-se da boa e velha formação discursiva, onde se entende que o objeto é criado pelos diversos enunciados que o nomeiam e o explicam. Como na ciência médica analisada por Michel Foucault, as formações discursivas estão menos preocupadas com os objetos e conceitos que dominam que com o estilo que usa para percebê-los ou desenvolvê-los.1
Mas a questão é: o que torna possível determinadas formações discursivas? Ou, para o que nos dedicamos a refletir nessa oportunidade, o que possibilitou a ascensão dessa visão reacionária sobre as minorias?
O tratamento que se quer dar às minorias, no ponto de vista da direita conservadora, certamente não é algo que passou a existir nos últimos tempos. Mas, sem dúvida, a ascensão de governos como os do leste europeu e o de Donald Trump, acabou por, paulatinamente, retirar do submundo a formação discursiva que entende as minorias como um problema para ascendê-la a níveis oficiais, já que os próprios governantes a enunciam.
Após a derrota do nazismo, o discurso contra as minorias ficou obscurecido e passou a ser adotado por diversos grupos neonazistas que surgiram nos quatro cantos do mundo. Nasceram seitas esotéricas, satanistas, igrejas, skinheads, bandas de black metal e até uma utopia ariana localizada no alto da faixa de terra de Idaho, no Noroeste Pacífico dos EUA, onde o reverendo Richard Butler, em 1974, dizia: “o ódio será nossa lei e a vingança, nosso dever”.2
Em outros casos, foi cultivada uma espécie de filosofia de ódio niilista que se baseia no O anti-cristo de Nietzsche, no qual o filósofo alemão critica a simpatia que o cristianismo possui pelos “mal-constituídos e os fracos”.3 A isso se misturou um darwinismo social que visava a sobrevivência da raça mais forte.
Nesse submundo circulou, portanto, um discurso elitista que execrava os Direitos Humanos, a igualdade, a democracia, valorizando uma concepção na qual “as mulheres cozinham e cuidam da casa” e onde “não se deve misturar as raças. A Bíblia diz isso”.4Além disso dizia que o comunismo, a psicanálise, a ascensão das ciências sociais e o Estado de Bem estar social eram um complô judeu para pôr fim ao homem branco heterossexual.5
Depois da crise de 2008 e dos impactos da guerra no Oriente Médio que gerou milhares de refugiados, esse discurso ganha uma maior ressonância na política populista europeia. Os EUA foi pelo mesmo caminho com a ascensão de um presidente que deixa claro sua aversão aos latinos.
Por mais que digam não ser nazistas ou fascistas, a história revela claramente que se trata de um discurso defendido por grupos de extrema-direita que se declaravam simpatizantes das ideias de Hitler. No Brasil esse discurso nazista que deprecia o indígena, o negro, como o de Bolsonaro e de seu vice, quer ganhar espaço. Alienados pela aversão à corrupção, muitos, principalmente a juventude (cabe lembrar que essa faixa etária foi o alvo preferido dos grupos neonazistas que se apoderaram da ficção científica, do black metal, do movimento skinhead e dos hooligans para disseminar a sua ideologia), acabam sendo seduzidos pela estética da zoeira, usada como isca, para, assim, filiarem-se ao ódio que tal discurso emana.
O discurso dessa direita vulgar que se faz vítima da Nova ordem Mundial assemelha-se em muitos aspectos aos ditos nazistas. O comunismo, a diversidade de gênero e étnica, corrupção, crime, o controle de armas, tudo parece ter sido cunhado pela mesma mão para destruir a sociedade. As palavras de Matt Koehl, figura emblemática do Partido Nazista Americano que durou de 1962 a 1963 e fundador do Partido Nacional-socialista do Povo Branco, mostram a semelhança. Ele critica a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial e o mundo que se sucedeu: “Eles alteraram a demografia nacional e nos impingiram a integração, transporte miscigenado, as quotas para minorias (…) Eles nos deram a permissividade, as drogas, o sexo seguro e as ruas inseguras e o controle de armas […] Eles nos deram ‘estilos de vida alternativos’, sodomia, Aids, imundícies, perversão, caos, crime, corrupção…”.6
Agora vejamos algumas propostas que podemos ler no programa do PSL: “políticas de esclarecimento à população, que visem a conscientização a respeito dos males provocados pelo comunismo e socialismo; (…) é necessária a revogação do Estatuto do Desarmamento e a criação de condições para que os cidadãos possam ter a posse de armas de fogo, se assim o desejarem; (…) combate à censura, ao constrangimento e aos desequilíbrios morais e sociais, decorrentes do discurso “politicamente correto”; (…) combate à apologia da ideologia de gênero; (…) combate aos privilégios decorrentes de “quotas” que resultem na divisão do povo, seja em função de gênero, opção sexual, cor, raça, credo; (…) combate frontal à corrupção endêmica instalada no Brasil, em todas as suas formas, níveis e esferas…”7
Portanto, vemos na direita vulgar um desejo de recusar o nazismo adotando, por sua vez, aspectos defendidos e herdados dele. Embora encontremos alguns pontos liberais genéricos, como a diminuição do tamanho do Estado e a proteção intransigente à democracia e à liberdade do cidadão, o documento do partido se destaca por não apresentar uma proposta prática para os problemas materiais do país, priorizando, tal como os neonazistas, os aspectos morais.
Lembra a moral laica que Sartre afirma ser contrário por ela querer “eliminar Deus com o mínimo de danos possível”. O existencialista deve não só desacreditar em Deus mas, também, negar todo o sistema moral que o cristianismo criou, pois “desaparece toda e qualquer possibilidade de encontrar valores num céu inteligível”.8
Se esse grupo reacionário pretende de fato distanciar-se do nazismo, precisa mudar o discurso, ou assumir sua simpatia à tal ideologia extremista, revelando a sua verdadeira face.
Comentários do Blogger
19 Comentários
O asfalto do povoado Palmeiral vai sair quando quem vai ffazer esse bendito asfalto heim
ResponderExcluirOs agentes de saúde de Esperantinopolis querem saber quando o prefeito vai pagar o retroativo que a justiça concedeu aos agentes responde aí secretaria da transparência
ResponderExcluirO asfalto do povoado Palmeiral é um mistério que vamos desvendar nestas eleições dando o troco nas urnas
ResponderExcluirDr Raimundinho e Vinicius louco desviaram o dinheiro do asfalto do Palmeiral e agora quem poderá nos salvar kkkk
ResponderExcluirAgora é Bolsonaro presidente e Maura Jorge governadora galera
ResponderExcluirOs políticos bonzinhos alguns estão na prisão outros responde a processos por corrupção por isso voto em Bolsonaro e chega de mi mi mi
ResponderExcluirEsse blogueiro copiou e colou essa matéria de quem heim o cara pensa com a cabeça dos outros assim não transmite confiança em ninguém aff
ResponderExcluirBolsonaro diz o que pensa já os outros tem seus discursos copiados e analisados por uma série de pessoas que tem o cuidado de não errar no que vai ser dito ou seja falar em público com tudo desenhado é fácil quero ver é dizer em público o que cada um pensa a nosso respeito chega de canalhas no poder chega de impunidade queremos sangue novo na política do nosso Brasil.
ResponderExcluirO cara quer implantar o nazismo nos discursos de qualquer presidenciavel é ridículo que escreveu essa matéria ou é louco ou é um leitor falido dos telejornais não tem nenhum fundamento usar a palavra nazista na política do Brasil só um idiota pra chegar a tal ponto.
ResponderExcluirBolsonaro presidente e Maura Jorge governadora
ResponderExcluirÉ BOLSONARO 2018
ResponderExcluirQuem conhece a vida e atuação parlamentar do Deputado Jair Bolsonaro, sabe do que ele pretende fazer se fosse eleito Presidente.
ResponderExcluirEle, Bolsonaro, é um louco de pedra. É a favor da tortura, da violência, da volta do regime militar, é a favor de guerra civil, e já disse em entrevista há um programa da Bandeirante em 1999, que é a favor da guerra, e que é contra a democracia.
Na mesma entrevista, disse que era a favor de que seria favorável há uma guerra civil inclusive com a morte de 30 mil pessoas, incluindo crianças e o Presidente à época, Fernando Henrique Cardos. Portanto, um doido esse Bolsonaro.
Texto de petista
ResponderExcluirNão tem proposta de governo e ementa dos outros
O asfalto do povoado Palmeiral vai sair quando qual cconstrutora vai fazer esse asfalto heim
ResponderExcluirDr Raimundinho desviou o dinheiro do asfalto do povoado Palmeiral e agora quem poderá nos salvar kkk
ResponderExcluirO asfalto do povoado Palmeiral vai sair nem que seja na marra .
ResponderExcluirBLOGUEIRO COMUNISTA !!
ResponderExcluirQuem escreveu a matéria esqueceu de dizer que pior do que as idéias de direita, são os atos de corrupção e do aparalhemento do estado feitos pela esquerda nos ultimos 14 anos. Quantas pessoas esses esquerdopatas não mataram neste País. Só por falta de segurança morre hoje no País 65.000 pesoas, se computarmos os que morrem por falta de recursod para saúde devemos a chegar a uma cifra impresionante. Tudo por causa dos roubos do dinheiro público.
ResponderExcluirA palavra Nazista é citada várias vezes acho que tem alguém que não seja Bolsonaro pensando nisso esse blogueiro tá louco copiou essa matéria de algum PTralha canalha.
ResponderExcluir