Brasília; Por Christina Lemos
O ex-presidente Lula foi recebido em Brasília por petistas e pemedebistas como uma espécie de camisa 10 da política. A visita revestiu-se do caráter de intervenção branca na desastrosa articulação do Planalto, criticada por todos, e ocorreu em operação casada com uma brusca mudança na agenda da presidente Dilma.
Enquanto Lula agia para apaziguar aliados, aplacar mágoas e injetar ânimo na tropa petista, Dilma reassumiu o papel de gerente do governo – bem aceito pelos eleitores – e voltou a se comunicar com o mundo ao redor, através de discursos e entrevistas. Também os ministros foram liberados a falar com a imprensa, embora alguns ainda relutem.
O freio de arrumação proposto por Lula foi acertado diretamente com Dilma no encontro reservado que tiveram no último dia 12. Ficou acertado que a dobradinha entraria em campo logo depois do carnaval, quando o calendário político finalmente engrena.
A Lula, os pemedebistas disseram tudo o que não diriam a Dilma. Não aceitam mais o papel de figurantes, nem o de bombeiros na crise. Ganharam a eleição ao lado do PT para governar, e isso não significa apenas obter cargos, mas participar das decisões de governo.
Consideram inadmissível que o vice-presidente Michel Temer continue excluído do chamado “núcleo duro” – composto pelos ministros palacianos, mais próximos a Dilma.
Ainda não se sabe o que Lula realmente conseguirá mudar nos hábitos e práticas da presidente. Nem se terá carta branca para isso. Mas, em Brasília, a torcida é grande pelo gol do camisa 10.